terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Culto ao corpo: profissional deve ter maturidade para dizer “não” quando necessário

Foco em saúde e bem-estar devem se sobressair à questão estética no universo fitness. 
Os padrões de beleza têm mudado drasticamente ao longo dos séculos e é um dos temas mais estudados por profissionais das mais diversas áreas. Das gordinhas do Renascimento às funkeiras da atualidade, a preocupação com a estética domina boa parte da mídia e, consequentemente, das ambições de homens e mulheres. O profissional de educação física, nesse universo, deve saber se posicionar para evitar excessos e manter o seu cliente.

Atenção profissional de educação física: culto ao corpo atinge tanto homens quanto mulheres
Fabio Saba, consultor e mestre em educação física, lembra que o culto ao corpo antes era centralizado nas grandes cidades e, atualmente, se tornou algo globalizado e que atinge ambos os sexos. “As mulheres se expõem mais, até culturalmente, mas eles também perderam um pouco do pudor e já assumem mais essa preocupação com a estética do que antigamente.”

Profissionais de saúde devem impor limites
Os profissionais da saúde (nutricionistas, profissionais de educação física, médicos, fisioterapistas etc), às vezes acabam “invadindo” o terreno do colega ao prescrever ou palpitar sobre um assunto que não é da sua alçada. Assim, mesmo que o aluno insista em querer saber sobre suplementos e dietas, Saba reforça que o profissional de educação física atua no diagnóstico e na prescrição de atividades físicas e deve se comportar dentro desse limiar.

Motivos para praticar atividade física
“Há diversos ‘porquês’ de as pessoas praticarem atividade física. Saúde, estética, bem-estar sócio-afetivo são alguns deles e o profissional tem de equilibrá-los. Quando o foco é só na estética, por exemplo, com certeza se perde em saúde, principalmente em relação ao volume, intensidade e frequência dos exercícios. Tem que balancear esses três elementos e somar ainda o tipo de exercício a ser prescrito, com atenção também à recuperação desse aluno”, diz Saba.

O profissional que percebe o ser humano de forma global, sai na vantagem ao lidar com as questões do culto ao corpo, pois vai compreender os motivos que levam o aluno a essa busca pela estética para orientá-lo a não se render às pressões da mídia e não cometer excessos que podem ser prejudiciais.

Profissional de educação física deve ser ético quando o assunto é anabolizante
A prescrição de esteroides anabolizantes androgênicos é restrita aos médicos e, mesmo assim, em casos de doenças específicas. Afinal, esse tipo de droga pode ser bastante prejudicial à saúde. Há alunos que dizem saber dos riscos do uso desse tipo de medicamento e que pressionam seu professor ou personal para que lhe indique um. “Isso é crime!”, destaca Saba, “e se ele indica porque ‘o cliente é quem manda’, ele não é meu colega, mas um reles vendedor de exercícios”.

Para o consultor, a postura ética e o foco na saúde devem ser o foco de todo profissional de educação física, ainda mais quando a profissão leva “educação” no nome e deve esclarecer sobre as questões do corpo. “Ele deve ser maduro para se posicionar contra e não indicar. Caso tenha dúvidas, pode conferir o Código de Ética da profissão no site do Conselho Federal de Educação Física (CONFEF).”

Profissional de educação física deve ter olhar atento no aluno
A idolatria à estética leva também aos distúrbios de autoimagem que prejudicam a saúde e a qualidade de vida. Anorexia, bulimina, vigorexia são doenças que podem ser identificadas em alguns alunos e cabe ao profissional de educação física tentar orientar o aluno a procurar ajuda médica para o seu problema, conscientizando-o dos riscos do excesso de exercícios.

Esporte e educação física são “irmãos”
Porém, com focos diferentes, lembra Saba. Enquanto o primeiro busca a superação de limites e acaba destruindo estruturas corporais, o segundo lida com a mudança de comportamento para ajudar as pessoas a viverem melhor. Algumas modalidades da atualidade pregam a superação constante de limites como um fator motivador, sem se atentar para o fato de que alunos sedentários e/ou machucados requerem uma atenção especial e cuidados que nem sempre lhes são dedicados.
“Alguém que nunca praticou atividade física e começa nessas modalidades, ao se dedicar com intensidade e volume intensos, aumenta suas chances de lesão. Alguns profissionais perdem os princípios por causa da motivação. Motivação não é gritar, colocar música alta e extenuar o aluno. Pra mim, motivação é inteligência profissional.”
Profissional de educação física tem que ser exemplo também no seu comportamento
O ser humano aprende pela mimese. É pela convivência, pelo exemplo, que moldamos nossa personalidade e nossas atitudes. Com a prática de exercícios não é tão diferente. A maioria dos alunos usa o profissional de educação física como um espelho a ser seguido, mas Saba lembra que não é apenas na parte estética que isso acontece: “não é só um bíceps”.

¨A responsabilidade e o foco na saúde e no bem-estar devem estar à frente dos exercícios com finalidade estética para não prejudicar o aluno e cabe ao profissional de educação física detectar os sinais de alerta e orientar esse cliente sobre os riscos que ele pode correr ao seguir por este caminho. Afinal, a vaidade não pode sobressair às demais questões da vida, incluindo a saúde.

EducacaoFisica

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