terça-feira, 7 de agosto de 2012

É pura lenda dizer que trabalho aeróbico emagrece?!

Especialista diz que é pura lenda urbana e que o verdadeiro objetivo é causar um processo inflamatório na musculatura.
Esta é uma situação que todo professor já deve ter visto: duas alunas com mesmo peso, praticando a mesma atividade física (corrida), queimando o mesmo número de calorias e o mesmo objetivo: perder peso.

Uma vai à academia 3 vezes por semana e, por ser ocupada, faz só meia hora de esteira mas em intensidade alta; a outra, mais determinada, frequenta a academia todos os dias, começando sempre com 60 minutos de esteira em intensidade moderada.

No final, apesar de a aluna “determinada” ter passado 5 horas por semana na esteira, a aluna “ocupada”, que não gastou mais do que 1,5hora por semana no equipamento, acabou entrando em forma mais rápido.

A pergunta é: por quê?

Luiz Carlos Carnevali Junior, coordenador de Cursos de Pós-Graduação em Educação Física na Universidade Gama Filho, tem a explicação: “Quando a pessoa quer emagrecer, por que se recomenda a prática de exercícios?”, pergunta ele.

Se você respondeu “para gerar queima calórica”, errou. “O verdadeiro objetivo”, diz Carnevali, que há 10 anos estuda o processo envolvido no emagrecimento, “é causar um processo inflamatório na musculatura. Não importa somente o número de calorias gastas durante o esforço”.

“Quando se fala em emagrecimento, é errado pensar no substrato energético a ser utilizado durante o esforço, bem como, na queima calórica”, explica ele. “O princípio por trás da prática do exercício é causar um processo inflamatório nas células e a partir deste provocar uma reação anti-inflamatória no organismo. Quanto maior a inflamação, obviamente seguindo princípios e variáveis do treinamento desportivo, mais eficiente é a resposta”.

Ele dá outro exemplo: 2 pessoas realizando 3 séries de 10 repetições, com 10 kg de carga. Uma faz um minuto de intervalo, a outra faz 30 segundos de intervalo entre as séries. “O gasto calórico nas duas atividades é igual, porém o processo inflamatório na série com menor intervalo é maior porque a recuperação é menor”, ou seja, a estratégia de modulação das variáveis do treinamento é fundamental para o sucesso do programa de treinamento.

Em seu livro "Exercício, emagrecimento e treinamento intenso: Aspectos fisiológicos e metodológicos", lançado em abril de 2011, Carnevali defende a teoria de que a execução de atividades de curta duração e alta intensidade, além de economizarem tempo, apresentam resultados semelhantes e até mesmo mais eficientes do que aqueles obtidos nas atividades aeróbicas tradicionais. 

Neste sentido, defende a prática da musculação e atividades aeróbias de alta intensidade no lugar da tradicional atividade aeróbica em intesidade moderada. “Dizer que apenas o trabalho aeróbico emagrece é pura lenda urbana. Na verdade, a musculação gera intensidade mais elevada de adaptação metabólica do que o trabalho aeróbico de baixa intensidade”, alega ele, que tem mestrado e doutorado em Biologia Celular e Molecular pela Universidade de São Paulo (2006 / 2011) e larga experiência nas áreas de fisiologia do exercício, atividade física e saúde.

Um dos exemplos científicos utilizado pelo Dr. Luiz Carlos Carnevali, além de artigos de sua autoria, disponíveis no site Carnevalijunior é o artigo que segue: 

Em estudo conduzido por Arthur Weltman, pesquisador da Univ. da Virginia, com 27 mulheres obesas de meia idade, 2 grupos foram submetidos ao mesmo tipo de atividade (corrida ou caminhada), e mesmo gasto calórico (400 cal). Porém:

• Grupo A: velocidade baixa a moderada, 5 vezes/semana durante 60 min
• Grupo B: velocidade moderada a alta, 3 vezes/semana durante 30 min

Depois de 16 semanas, os resultados revelaram: 
• Redução de gordura abdominal total (Grupo A: 2% x Grupo B: 8,5%)
• Redução de gordura subcutânea (Grupo A: 2% x Grupo B: 9%)
• Redução da gordura visceral no abdome (Grupo A: 4,5% x Grupo B: 14,5%)
• Redução da circunferência abdominal (Grupo A: 1% x Grupo B: 17,5%)
• Elevação da capacidade cardiorrespiratória (Grupo A: 8,3% x Grupo B: 13,8%).

A explicação estaria no volume de calorias queimadas pelo organismo no período de recuperação do organismo que é, segundo Weltman, quando ocorre maior queima de gordura.

Para maiores informações sobre a área de pesquisa e contato com o pesquisador acesse www.carnevalijunior.com.br ou pelo email contato@carnevalijunior.com.br

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